Ela foi internada em um hospital psiquiátrico e jogaram a chave. Sua verdadeira identidade salvou sua vida


Elizabeth Cochran Seaman, que usava o pseudônimo Nellie Bly, foi uma jornalista do século XIX. Rica em atributos intelectuais, a jovem, que veio de família humilde, chegou a escrever para jornais renomados estadunidenses. Ela carregava valores que lhes foram passados por seu pai, Michael Cochran, homem que prezava pelo trabalho e ensinava o  valor deste a suas filhas.

Michael era um imigrante irlandês que trabalhava em um moinho. Determinado e focado, o homem, com sua força de trabalho, comprou o moinho e o terreno em derredor. Neste lugar construiu uma fazenda que passou a ser a moradia da família.

Crente de que a educação poderia mudar a vida de qualquer pessoa, o patriarca sempre investiu nos estudos de Elizabeth. Ela chegou a estudar em um internato, mas a falta de dinheiro a obrigou a abandonar.

A esta altura, Nellie já era órfã de pai, e ajudava sua mãe a manter a família com trabalhos braçais em fábricas. O ano era 1864 e a Revolução Industrial estava a todo vapor, o que deu espaço para que Nellie garantisse o mantimento básico de seus irmãos.

Letrada, ela costumava ler jornais e amava escrever. Certo dia, uma coluna misógina em um jornal (Pittsburgh Dispatch) lhe chamou atenção negativamente. O título da publicação era: “Para que servem as garotas?”. Em resposta ao título, o texto colocava a mulher como figura inferior, que deveria se dedicar aos cuidados do lar e dos filhos.  Isso lhe soou como provocação e lhe motivou a dar um retorno ao jornal.

Sem delongas, ela redigiu uma carta e enviou ao editor do folhetim. Ele, encantado com as palavras e a genialidade da jovem, lhe ofereceu um emprego no jornal. Foi quando começou a carreira da jornalista.

Lá, ela se dedicava a escrever conteúdos voltados ao público feminino e ás lutas desta classe contra a opressão. Por anos ela se limitou a essa categoria, mas guardava uma paixão por investigação. Em determinado momento, ela rompeu com o Pittsburgh Dispatch e partiu para outra área. Foi quando surgiu o hospital psiquiátrico.

Determinada a entender o que se passava no local, ela se passou por insana e foi internada em um sanatório. Viu-se em um verdadeiro inferno. Teve que lidar com mulheres loucas, insanidade de todas as natureza, sujeiras, atrocidades, tratamentos com eletrochoques completamente questionáveis. quando tinha material suficiente para escrever seus artigos, ela precisava sair daquele lugar. Foi este o problema.

Sem nenhum documento que atestasse sua sanidade, ela foi impedida de deixar o asilo e ficou trancada no lugar durante mais algum tempo. Até o momento em que seu advogado decidiu intervir e tentar provar a identidade da jovem. Quando eles falaram o pseudônimo que ela usava nos jornais, tudo foi esclarecido e ela foi liberada depois de viver os piores meses de sua existência.